quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Matemática (Crônica de Leometáfora)

Eu nunca fui bom em matemática. As quatro operações eram uma espécie de tortura medieval onde era minha cabeça que quase pendia para a cesta. Lembro de uma época que minhas notas beiravam os números negativos e por mais que eu me esforçasse, na melhor das hipóteses eu sofregamente arrancava um cinco de uma prova. Lembro também que quando isso acontecia, confesso com certo pudor que eram pouquíssimas vezes, minha mãe me dava um presente pelo feito. Eu fui um assíduo freqüentador de recuperações, finais e conselhos de classe. Amarguei duas reprises de ano e muitos castigos. É, minha vida estudantil não foi lá essas coisas não. Sempre fui dado as letras. Da matemática em si, só restou uma certa admiração cautelosa a respeito de duas de minhas torturas escolares: a adição e multiplicação. Engraçado que só vim a perceber isso de uns anos pra cá. Quando eu me apaixonava tratava de ir logo multiplicando as qualidades da moça. Ora multiplicava por dois ora por cem. Geralmente era bem generoso. A soma vinha em seguida tentando encaixar cada detalhe da vida dela na minha. Numa soma perfeita sem perdas nem reparos. Acredito ser uma forma bacana de se encantar com alguém. Ah, por favor, não pense que eu fazia vista grossa pra tudo não, mas nossa, olhando direitinho, se encontra tanta coisa boa nas pessoas que acho meio mesquinho se deter nas imperfeições, não acha? Hoje eu vejo que muita gente faz justamente o contrário. Aprenderam uma fórmula meio maluca para essa mesma equação. Subtraem as qualidades pelos defeitos e o que sobra é dividido pelos Achismos de: não vai dar certo, não é a pessoa ideal ou não suportaria um segundo ao lado dela. Resta muita pouca coisa depois desse cálculo, não é? Então por favor, evite esses números negativos e se for dividir, divida amor, compaixão, sinceridade e a palavra de Deus.

Leometáfora

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