quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Já passou

Já passou, embora acredites que voltará numa manhã qualquer, assim de qualquer modo que restabeleça ainda, teu sonho perdido. Então esperas que no momento seguinte dessa chegada tu tenhas a liberdade de ser feliz como nunca almejastes ou fostes. Por isso tu escondes em segredo essas constelações de esperanças. Recuas ao menor sinal de que invasores tentam te subjugar. Resguardas tua integridade ante ao caos do mundo. És bela, mas às vezes insistes em não acreditar. És pura, contudo existem momentos que preferes macular teus desejos com a dor. No perímetro fechado onde te enclausuras, na profunda redoma em que abandonas teu amor, eu tateio cego a procura de uma chave. E quando penso alegre, ébrio descobridor, que afinal encontrei teu coração, tu te enleias em silêncios densos, em florestas selvagens, onde um pobre poeta não tardaria a encontrar o fim.

Leometáfora

domingo, 16 de outubro de 2011

...

Estou tentado a fazer da minha vida um clichê.
Todo mundo acha que precisa fazer algo fantástico, perfeito,
original. Eu só queria viver um amor verdadeiro. Bem óbvio mesmo!
Bem em carne viva! Sem enfeites, sem alforjes, sem grandes surpresas!
Mas o comum não encanta, não é? O normal não agrada? E neste caos aonde
se aprende tão pouco e se sabe tanto, tinha mesmo que dar nisso.
Pois é!, então!, eu sou assim!, prefiro viver um amor cliché, porque afinal, tem gente que espera demais e no fim se conforma com tão pouco!
Leometáfora

Conclusão

Cheguei a conclusão que não pertenço a esse mundo.
É tudo muito artificial.
É tudo na moda.
Tem muito plástico dentro do sabor de viver.

Leometáfora

domingo, 9 de outubro de 2011

Pra você que sempre me faz lembrar...

Eu estou escrevendo essa carta com o tom de desabafo mais cruel que eu consegui arranjar. Tá, mesmo que eu não fosse do jeito que você sonhou, que aquela história de adaptação ao mundo soava a coisa mais bizarra que alguém já lhe disse são, não era pra ser tão insistente essa sua vontade de me anular. E se me anulasse que deixasse em paz de verdade, não esporadicamente como tens feito todos esses anos e depois ir retomando a tortura paciente de me dar esperanças. Aquilo que você com toda a sua sapiência e perfeição, julga não ter sentimentos, é meu coração, querida. E ele tem sim, embora pareça mais uma massa de gelatina presa numa parede de ilusões. Então quase posso vislumbrar sua careta ao chegar nessa linha, e surpresa degustar o veneno mais doce que me ensinastes a criar. E embora veemente, tu digas que não sei do que falo, porque as tuas imaculadas ações nunca tiveram o intuito de que eu continuasse os meus ensejos de amor e carinho para ti, naquele lugar onde só guardamos nossos pecados secretos, sabes que estou certo.
Perdi conta das vezes que tentei escrever algo bonitinho pra você, porque a minha realidade sem efeitos era selvagem demais para sua natureza angelical. Perdi só meu tempo, vejo agora. Porque no fundo o anjinho sem asas dentro de você, prefere se perder em historias nem um pouco santíssimas e como sabes tenho defeitos demais para ainda ter que mentir.
Há algum minutos atrás, relendo as cartas que te mandei, percebi que foi de fato amor, essa paródia sem graça de algum romance de cinema, que criei na minha cabeça. Substituí com cuidado os tons nervosos do teu silêncio, para que não sofresses tanto com a tua própria imagem me odiando no espelho. É, eu cuidei de você, querida, apesar de precisares mesmo é de alguém que te eduque com rigor.
Hoje tenho tido inclinações a pensar que ainda vamos nos parir numa esquina da vida, abortados no caos finalmente final de nossas aventuras corajosas e vermos estalados de realidade, como foi inútil a tua fuga e a minha renúncia. Mas isso é deleite de vingança minha, não sua, que encontrou um protótipo de Ser Imaculado e espera afinal que ele seja o homem de sua vida. E se por pelo menos uma vez nessa sua existência, consegues ouvir por inteira o que te digo, então em retribuição a todos os teus mergulhos na fonte que eu arduamente matinha aberta para tuas recargas de estima e afeto, conceda-me o bem mais honesto que tu podes me dar: O esquecimento!

Leometáfora

sábado, 8 de outubro de 2011

PROMESSAS

Se promete tanta coisa a si mesmo. Promete que vai se encontrar, que amanhã será diferente, que nao vamos repetir o erro inumeras vezes até se tornar perigosamente engraçado, que nao vamos escolher o nosso caminho por osmose, que vamos ser mais humanos, menos egoistas, mais incriveis. Incriveis no sentido de surpreender-nos. prometemos ser mais naturais, ler um livro por semana, nao ter vícios, dormir cedo. Tudo isso e mais um pouco. Tu mesmo ja prometestes nao me amar, zombar do destino, recriando um mundo onde meu amor nao interessa nem é importante.. Disse até, lá com as suas palavras secretas, que eu sendo o ultimo sujeito da terra, ainda ficarias pra titia.
Ja eu prometi nao desistir, nao te dar a enorme tristeza de sentir minha falta. Prometi que na ausencia de uma flor azul te arranjaria umas rosas vermelhas, alguns bobons e uma isuspeitada esperança.
Prometi tambem que vou te dar uma chance da gente ser feliz, um chance dos nossos filhos nascerem, uma chance pra voce rever sua opiniao a meu respeito. É o mínimo que devo fazer como retribuiçao, já que foi você quem me procurou nao é?
LEOMETÁFORA

VOCÊ ACREDITA EM CARTAS DE AMOR?

VOCÊ ACREDITA EM CARTAS DE AMOR?
Acredita que alguém possa simplesmente perder a noite inteira escolhendo palavras, semântica, chafurdando em paradigmas, ate encontrar uma fluidez possível ante ao emaranhado de ideias malucas que sentiu ao vê-la sorrir? O fato é que eu estou tentando escrever uma, só pra te dizer que te desejaria se todos os sonhos fossem possíveis. E te esperaria se teus instantes de solidão fossem livres de imaginações de príncipes em cavalos brancos e carruagens douradas. Sabe o que me dói profundamente nesse instante? É que nem sei o seu nome, seu telefone, não sei sua cor preferida, a comida que mais gosta, dos seus receios ou duvidas e o momento que mais a deixou feliz em toda sua vida. A verdade é que as coisas acontecem quando têm que acontecerem. E certamente eu não passaria imune a toda sua delicadeza. Por isso espero que saibas o que estou tentando fazer agora. Estou tentando conseguir uma oportunidade egoísta de rever o seu sorriso, ouvir a sua voz, e ver meu rosto refletido ousadamente na menina dos teus olhos. No mais, são apenas especulações. A esperança de ter você comigo, a vontade louca de saber quão doce é essa sua incrível boca brilhante, a necessidade de pelo menos uma vez na vida acertar na escolha e te escolher, assim, pra dividir o sonho, pra somar o amor, pra consumir a chama que arde dentro de mim quando te imagino em meus braços.

Leometáfora

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ao abusado

Dor de amor não é original não, visse? Quem te falou isso? Tuas palavras encantadas, tuas satíricas oníricas algemas torturantes, não passam de um adereço há muito usado por aquele masoquismo que todo metido a poeta tem. Então por favor, ninguém vai roubar a tua imagem da dor. Só faremos fotocópia para as futuras gerações.

Leometáfora

O bicho

Meu romantismo é um bicho teimoso que nunca morre!

Leometáfora

No canto da sala ou dentro do peito

É injusto saber que podemos nos perder.
É só você não acreditar e é tão dificil
mesmo crer em alguma coisa hoje em dia.
Nessas esperanças falidas na contramão.
Eu tô querendo te encontrar, alguma hora dessas,
em algum lugar comum. E talvez, não sei
ao certo, te dizer essas coisas que já não dizemos mais porque
somos pessoas maduras e sensatas.Te dizer que ora eu te quero insuportávelmente tanto,
ora eu te preciso como um silêncio no canto da sala que me conforta
quando me sinto cheio de mim.

Leometáfora

Ultimo Adeus

Eram o silêncio, a primavera, o gosto da mesmice no desejo da loucura. Era o medo de morrer olhando para uma imagem que não se move, não respira, não existe. E assim foram dias, semanas, meses. Até que ironicamente ele se aquietou. Resignado e sujo pela casa. Vestindo sua roupa mais antiga. Sua cara mais antiga. Sua dor mais medonha.
Se atrevendo a olhar pela janela e cuspir do oitavo andar a sua ira. Seu desprezo covarde por aqueles que o esqueceram. Que riram da sua nostalgia. Da seu romantismo piegas.
Sem poesia, sem música. Bebendo no gargalo o vinho que ainda resta do ultimo dia, do ultimo minuto, do ultimo adeus.

Leometáfora

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Revelação

Das luas dessa noite restam pouca coisa.
Um punhado de sal, umas gotinhas de chuva e uma teimosa melancolia daquelas que nos fazem acreditar em duendes, ladies e cavaleiros medievos. O tempo é curto, eu costumo repetir, a estrada é longa, cheia de argumentos noturnos, meias conclusões e trocados de esperança. Meu peito cravejado de insídias te acolhe. Cuidado, há tão pouco a fazer agora. Então beije-me enquanto posso, enquanto podes. Não lamentes esse teu passado desatento. Foi de lá que vieram a tua cara nova, o teu mapa para o futuro e a tua inocente loucura. Ah já te descubro a cada novo passo ao meu lado. Tua ira, teu medo, teu egoísmo, tua timidez, não passam de disfarces onde escondes o meu prazer. Adentrarei agora em tua alcova. Serei pedra atrevendo-se em teu muro.
Farei parte dessa fantasia maravilhosa que vais afinal revelar.

Leometáfora

Acorda Tempo

Acorda tempo.
Já noite eu me dano ao relento a procura da moça.
Tenho em minhas mãos um recorte do céu, uma estrela perfeita e o cheiro suave de sua boca.
Queria tanto voltar a sonhar
Acorda tempo.
Não te quero desatento enquanto a procuro
Talvez seja ela a minha primeira razão de existir
Sufoca teus relógios
contém tuas entranhas em silêncio
mas só enquanto a moça está longe
depois tu podes ruir a tua fome de teus minutos
Acorda tempo.
Talvez seja ela essa moça que há tanto esperava
A moça de tez morena e sorriso tão puro como o orvalho do paraíso
Ela já deve ter chorado suas dores, já deve ter conhecido alegria e pesar,
não tenho porque temer.
Ela então saberá que só quero fazê-la feliz.
Acorda tempo
Acolhe meus estranhos pensamentos
Mas só enquanto a moça esta longe
Depois eu posso matar a louca sede de amá-la.
Acorda tempo
Com tuas mãos pesarosas tu podes me levar até ela
Depois tu podes arder tuas cortinas de sol
Depois tu podes me consumir em saudades.

LEOMETÁFORA

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Porque?

Porque tu insistes em roubar das estrelas o brilho dos teus olhos?
Não vês que me perco quando me iluminas?
Porque com o teu sorriso pretendes reerguer um sonho há muito perdido?
Não sabes que eu havia percorrido o silêncio antes que tu aparecesses?
Nas andanças do presente preciso que então surjas em cada nova esperança e alegria,
para que apesar dos meus devaneios em solidão,
na penumbra mais intensa e poderosa,
possa então adentrar em teu peito
o meu sentimento mais profundo.

Leometáfora